Com a
chegada dos novos integrantes e do preparador corporal Ulisses Ferraz, em Maio
de 2012 começam os processos criadores da Intervenção Urbana “Anjo Infeliz em
movimento”.
Utilizando
o poema imagético Anjo Infeliz do dramaturgo alemão Heiner Müller,
que é uma resposta ao Anjo da história de Walter Benjamim (Nona Tese sobre os
Conceitos de História) e ao Deus Felicidade de Bertolt Brecht, escrito na
década de 70.
Inauguro este blog falando do nosso "Anjo Infeliz", performance que foi o veículo de inserção dos membros participantes do grupo hoje, e que nos fez compreender a profundidade do tema memória, que é o alicerce das pesquisas do grupo Cena Aberta. Então começo por divulgar um trecho de um registro meu acerca deste processo:
"Começo falando sobre o “Anjo”, o texto que trabalhamos de Müller começa a fazer parte de mim e do meu dia-a-dia, não sei se as angústias dele se tornaram minhas ou se minhas angústias penetraram nas entrelinhas do que ele diz, este fenômeno é o que chamo de apropriação, os textos de Walter Benjamim e Ingrid Koudela também colaboraram para esta construção e assim vejo o embrião daquilo que estamos buscando. Contudo tenho sede de mais, apesar de ainda nem ter começado a falar das práticas minha ansiedade passa os limites e por muitos momentos me vejo atropelando pessoas e coisas no caminho. Acredito que os trabalhos práticos são o grande motor para a compreensão deste tipo de tema filosófico e subjetivo, no teatro nunca será possível demonstrar a angústia de uma criatura se isso não for transportado para o corpo do interprete, o público precisa mais do que ideias para se interessar, a peça não pode ser um livro, um texto lido em voz alta. Por isso ao interrompermos o processo de laboratório do “Anjo” senti-me perdida, desamparada." (01/06/2012)
Na ocasião estávamos neste processo a mais ou menos um mês e as dificuldades de nos inserirmos e entendermos qual era nosso papel dentro do grupo era muito grande. Além disso, este processo criativo me confundia ainda mais a cabeça, na tentativa de ser extremamente racional e metódica, quanto mais tentava entender, mais me sentia confusa.
No entanto o processo evoluiu de várias maneiras até chegarmos em um resultado estético interessantíssimo, além disso me serviu de base para a metodologia do professor Pazzini e
para me entender como atriz-pesquisadora nos processos criativos acerca da memória.
Texto: Lígia da Cruz
Foto: Taciano Brito
Nenhum comentário:
Postar um comentário