"Estamos reinventando o futuro, somos fragmentos do futuro em gestação, e o que mais nós necessitamos é de um público co-produtor, partícipe da cena, que leve para casa as idéias que o Teatro sempre soube tão bem insuflar nos espíritos educados para que estes possam contribuir para as transformações necessárias que nossa sociedade tem urgência de ver realizadas"

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Anjo e o Grupo

Com a chegada dos novos integrantes e do preparador corporal Ulisses Ferraz, em Maio de 2012 começam os processos criadores da Intervenção Urbana “Anjo Infeliz em movimento”.
Utilizando o poema imagético Anjo Infeliz do dramaturgo alemão Heiner Müller, que é uma resposta ao Anjo da história de Walter Benjamim (Nona Tese sobre os Conceitos de História) e ao Deus Felicidade de Bertolt Brecht, escrito na década de 70. 
Inauguro este blog falando do nosso "Anjo Infeliz", performance que foi o veículo de inserção dos membros participantes do grupo hoje, e que nos fez compreender a profundidade do tema memória, que é o alicerce das pesquisas do grupo Cena Aberta. Então começo por divulgar um trecho de um registro meu acerca deste processo: 

"Começo falando sobre o “Anjo”, o texto que trabalhamos de Müller começa a fazer parte de mim e do meu dia-a-dia, não sei se as angústias dele se tornaram minhas ou se minhas angústias penetraram nas entrelinhas do que ele diz, este fenômeno é o que chamo de apropriação, os textos de Walter Benjamim e Ingrid Koudela também colaboraram para esta construção e assim vejo o embrião daquilo que estamos buscando. Contudo tenho sede de mais, apesar de ainda nem ter começado a falar das práticas minha ansiedade passa os limites e por muitos momentos me vejo atropelando pessoas e coisas no caminho. Acredito que os trabalhos práticos são o grande motor para a compreensão deste tipo de tema filosófico e subjetivo, no teatro nunca será possível demonstrar a angústia de uma criatura se isso não for transportado para o corpo do interprete, o público precisa mais do que ideias para se interessar, a peça não pode ser um livro, um texto lido em voz alta. Por isso ao interrompermos o processo de laboratório do “Anjo” senti-me perdida, desamparada." (01/06/2012)

Na ocasião estávamos neste processo a mais ou menos um mês e as dificuldades de nos inserirmos e entendermos qual era nosso papel dentro do grupo era muito grande. Além disso, este processo criativo me confundia ainda mais a cabeça, na tentativa de ser extremamente racional e metódica, quanto mais tentava entender, mais me sentia confusa. 
No entanto o processo evoluiu de várias maneiras até chegarmos em um resultado estético interessantíssimo, além disso me serviu de base para a metodologia do professor Pazzini e  
para me entender como atriz-pesquisadora nos processos criativos acerca da memória.

Texto: Lígia da Cruz  
Foto: Taciano Brito

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