"Estamos reinventando o futuro, somos fragmentos do futuro em gestação, e o que mais nós necessitamos é de um público co-produtor, partícipe da cena, que leve para casa as idéias que o Teatro sempre soube tão bem insuflar nos espíritos educados para que estes possam contribuir para as transformações necessárias que nossa sociedade tem urgência de ver realizadas"

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Movimentando Negro Cosme - I Experimento

O Texto no quilombo e o quilombola dentro do texto



O primeiro contato do grupo Cena Aberta com o texto "Caras Pretas" de Igor Nascimento, aconteceu no Quilombo Jamari dos Pretos, localizado na cidade de Turiaçu-MA, em Maio de 2012. O Mestre Pazzini foi convidado a ministrar a disciplina de Arte-educação para os alunos de vários cursos da Universidade Federal do Maranhão-PROEB. Levando o texto dramatúrgico em processo como ferramenta base para aliar teoria a prática, aproveitou a oportunidade para mobilizar toda a comunidade quilombola. Naturalmente a resposta foi imediata, a identificação com a temática conquistou os moradores, inclusive as crianças que também foram incluídas no processo, já que eram alunas dos professores que estavam fazendo a disciplina.
Este primeiro momento, muito importante no processo de experimentação do texto revela uma das mais importantes características do Cena Aberta: Levar o público para dentro da cena, como participe.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Movimentando Negro Cosme


O Grupo de Pesquisa Teatral Cena Aberta durante o ano de 2012 realizou atividades teatrais em São Luís e interior do Estado, efetivando as ações artístico-pedagógicas do Projeto Memória e Encenação em Movimento: ABC da Cultura Maranhense, contemplado pelo SIGproj-PROEXT-2011-UFMA. O projeto em tela, compõe-se de uma oficina performativa integrando as linguagens do Teatro e das Artes Visuais, tendo como foco (fruição, contextualização e produção) dos integrantes da oficina, em que estes, são inseridos no Experimento Negro Cosme em Movimento, fragmentos do texto Caras Pretas do dramaturgo maranhense Igor Nascimento. A  pesquisa versa sobre as questões afrodescendentes, com foco nas Estações da Balaiada, tema recorrente na vertente central do grupo à dez anos. Também foi apresentada a peça de Aldo Leite, ABC da Cultura Maranhense, adaptação de Luiz Pazzini, para ABC in Processo, que também vem sendo apresentada em diversos eventos, inclusive na Baixada Maranhense para a Rede de Ensino Estadual - URE - (Viana e Penalva), pelo Edital Universal da SECMA.



Então, a partir de hoje, é lançada uma nova edição de postagens, "Movimentando Negro Cosme", que descreverá as vivências do processo de criação e execução dos Experimentos Negro Cosme em Movimento, que é o embrião da pesquisa sobre a Balaiada e a continuação da abordagem da temática sobre o Negro. Além disso é o momento de encontro com os parceiros do grupo Petite Mort, colaboradores fundamentais do Cena Aberta no ano de 2012.

FOTO: Taciano Brito



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Trajetória em fragmentos - Parte 7.1

Fragmento do registro de processo de uma das atrizes:
Episódio 4: "ABC em um novo processo"


Este talvez seja o processo mais encantador dentre todos os que nós passamos, o momento de remontagem do espetáculo ABC em Processo. Do contrário, se este trabalho não fosse feito, nós que estávamos sedentos de mais conhecimento ficaríamos ociosos.
Mais uma vez o grupo Cena Aberta, age contra as forças de lei maior, enquanto a Universidade passa por uma greve nacional de professores, nós nos reuníamos todos os dias de segunda a sexta desde as 8 da manhã engajados na montagem de um texto de conteúdo político, que também trata da temática da memória na perspectiva dos vencidos bem como aborda assuntos como preconceito, alienação e educação. O que nos remete ao passado na fundação do grupo onde ocorre um movimento parecido:

“O germe do nascimento do grupo de pesquisa teatral Cena Aberta aconteceu por ocasião de uma greve de ocupação na UFMA, em 2001, em que foi remontado o experimento sociológico Victor e os Anjos, roteiro de Luiz Pazzini, realizado com discentes da Disciplina Oficina de Teatro, do Curso de Licenciatura em Educação Artística, Hab. em Artes Cênicas. Pesquisa de “material textual” presentes em A Missão (Lembranças de uma Revolução), de Heiner Müller, montagem de 1998, direção do autor, que resultou em uma monografia e uma dissertação de mestrado, e do experimento acadêmico da Habilitação, uma monografia. Desta forma, iniciou-se a prática de se registrar o processo criador do grupo.” (Prof. Mestre Luiz Pazzini)

Pois o Cena Aberta sempre esteve na contra mão, através de seu símbolo maior representado pelo professor Ms. Luiz Pazzini, que sempre se propõe a utilizar o teatro como instrumento de reação a ordem estabelecida por aqueles que exercem o poder. E com isso consegue provocar aqueles que nos assistem e acompanham nossa trajetória:

"Estamos reinventando o futuro, somos fragmentos do futuro em gestação, e o que mais nós necessitamos é de um público co-produtor, partícipe da cena, que leve para casa as idéias que o Teatro sempre soube tão bem insuflar nos espíritos educados para que estes possam contribuir para as transformações necessárias que nossa sociedade tem urgência de ver realizadas" (Grupo Cena Aberta)

Então na ânsia de conseguirmos levar com mais eficácia os ideais propostos pelo texto de Aldo Leite, que apesar de ser uma sátira tem conteúdo denso, aprofundamos nossos trabalhos de consciência corporal através do método de dinâmicas do movimento projetado por Rodolf Laban com as instruções do professor Dr. Ulisses Ferraz.
Este método utilizado como ferramenta pré-expressiva, já em exercício na construção da cena do Anjo Infeliz, insere-se no trabalho de construção dos corpos dos personagens as "dinâmicas do movimento" nas cenas do texto com inúmeras aplicações através de exercícios propostos pelo preparador corporal e aliado com os laboratórios de interpretação do texto com as orientações do Mestre Pazzini.
 Durante essa prática nos transformamos em uma família, cuidando da nossa casa, o Espaço Cultural Ângelus Novus, que nos serviu de berço para nossas ideias, onde tudo germinou e ganhou força e forma é este espaço que nos deu proteção, o local onde preparávamos nossa comida, levávamos nossos corpos a exaustão, recebíamos nossos parceiros, discutíamos sobre nossas relações e construímos um mundo que corre paralelamente a este que estamos acostumados, individual e racionalista, nós construímos nossas próprias bases alicerçados em uma relação de coletividade, ajudando uns aos outros em prol de um objetivo comum, comunicar através da arte.
Deste modo praticamos o fazer teatral de maneira profunda educando uns aos outros, sem uso do autoritarismo, através de um método de compreensão dos processos internos e pessoais, preocupando-se com o outro e construindo projetos para o futuro.  Foi desta maneira que o espetáculo “ABC em processo” ganhou nova forma.

                                                                                                                 Texto: Lígia da Cruz





Trajetória em fragmentos - Parte 7


“ABC in Processo” (2009 a 2012)





O espetáculo ABC IN PROCESO, de Aldo Leite, fruto do projeto aprovado pela FUNARTE: Prêmio Myriam Muniz de Teatro – 2009.  Depois de cumprir a temporada do prêmio citado, realizamos a circulação por duas cidades da Baixada Maranhense (Viana e Penalva), contemplados que fomos pelo Edital Universal da Secretaria da Cultura do Maranhão – SECMA – 2010. As temporadas correspondem aos anos de 2010 e 2011, respectivamente, e fomos brindados com o registro monográfico de uma das atrizes do grupo, em sua monografia de conclusão da Habilitação de Artes Cênicas – UFMA.




segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Trajetória em fragmentos - Parte 6


Do espetáculo “Diálogos da Memória: Imperador Jones”, retira-se um fragmento e nasce “O Julgamento de Negro Cosme” (2009)




 “O Julgamento de Negro Cosme” foi transformado em Teatro de Repertório, com apresentações em eventos do Depto de História da UFMA, em parceria com o SESC-MA, nos seus eventos dedicados aos Quilombolas, Mostra SESC Guajajaras de Artes  e Dia da Consciência Negra – 20 de novembro de 2009.


Trajetória em fragmentos - Parte 5


A temática do negro é reinserida nas pesquisas do grupo através do projeto Encenação em movimento: O Imperador Jones.


 Pesquisa desenvolvida pelo Grupo por 2 anos (2005 a 2007), em 2006 foi agraciada pelo  Programa Jovens Artístas-SESU/MEC, onde foram apresentados fragmentos e experimentos cênicos e dramatúrgicos socializados à comunidade acadêmica em geral por meio de performances, intervenções e apresentações, com comunicações e painéis em eventos científicos.Além de promoção de eventos como mesas-redondas temáticas e oferta de oficinas gratuitas.
A culminância do Projeto se deu na temporada do Espetáculo: Diálogo das Memórias: O Imperador Jones, em que foram reunidos os fragmentos experienciados e inseridos na estrutura dramatúrgica, documentos históricos inscritos no fragmento O Julgamento de Negro Cosme.



sábado, 26 de janeiro de 2013

Trajetória em Fragmentos - Parte 4


Dorotéia - Nelson Rodrigues 2006
Através da parceria entre os grupos Tapete Criações Cênicas, Cia. Abluir e Grupo Cena Aberta com direção de Wagner Heineck, foi feita a montagem do texto de Nelson Rodrigues. Projeto este que foi premiado pelo “Prêmio Funarte de teatro Myrian Muniz”

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Trajetória em Fragmentos - Parte 3


O Despertar da Primavera (2003)  – Frank Wedekind


Em 2003 o grupo pesquisa o universo de “O Despertar da Primavera” de Frank Wedekind na disciplina “Interpretação I” , novamente com o Professor Luiz Pazzini, no curso de Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas. A montagem foi feita com os integrantes do Cena Aberta incluindo outros alunos matriculados nesta disciplina.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Trajetória em Fragmentos - Parte 2


Em 2001 funda-se o grupo Cena Aberta



O grupo origina-se na montagem de conclusão da disciplina “Oficina de Teatro”, ministrada pelo professor Luiz Pazzini, do curso Licenciatura em Educação – Artística com habilitação em artes cênicas, durante uma greve nacional de professores, como proposta de atividade de ocupação, com o espetáculo “Victor e os Anjos”. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Trajetória em fragmentos - Parte 1


Desde o principio...
A pesquisa sobre a memória histórica da insurreição do negro e sua inserção na pesquisa dramatúrgica realizada pelo Prof. Mcs. Luiz Roberto de Souza (Luiz Pazzini – nome artístico) e também Coordenador do Grupo de Pesquisa Teatral Cena Aberta, no que tange a temática MEMÓRIA surge a partir dos estudos realizados com a encenação de A Missão (Der Auftrag – Lembranças de uma Revolução), de Heiner Müller, dramaturgo alemão pós-Brecht, com o grupo Ya´Wara, do Centro de Pesquisa em Artes Cênicas do Maranhão (CEPAC), nos anos de 1997 a 1998. O texto é um importante documento histórico-filosófico tendo como pano de fundo os processos revolucionários sob os auspícios da Revolução Francesa e a primeira Revolução Negra, a Haitiana, em que a discussão da obra é a organização da missão de libertação dos negros Jamaicanos.



Deste Espetáculo originam-se dois trabalhos acadêmicos:
MONOGRAFIA-UFMA - 2000
GESTO TEATRAL E GESTUS SOCIL: UMA ANÁLISE ESTÉTICA 
Gisele Vasconcelos
MESTRADO - ECA - USP - 2001
HEINER MÜLLER NO BRASIL: A RECEPÇÃO DE A MISSÃO (1989 - 1998)          
Luiz Roberto de Souza

FOTO: Márcio Vasconcelos

Nossa Trajetória em fragmentos...

Depois de ter falado quem somos e mostrarmos o depoimento de uma de nossas atrizes da nova configuração do grupo desde Junho de 2012, sentimos a necessidade de falar um pouco sobre a nossa história. A partir de hoje colocaremos alguns fragmentos da nossa história, dividindo os frutos do nosso trabalho, além de explicitar, as origens da pesquisa do grupo acerca da temática da memória e os primórdios dos estudos sobre a importância sócio política do Negro ao longo das décadas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Anjo e o Grupo

Com a chegada dos novos integrantes e do preparador corporal Ulisses Ferraz, em Maio de 2012 começam os processos criadores da Intervenção Urbana “Anjo Infeliz em movimento”.
Utilizando o poema imagético Anjo Infeliz do dramaturgo alemão Heiner Müller, que é uma resposta ao Anjo da história de Walter Benjamim (Nona Tese sobre os Conceitos de História) e ao Deus Felicidade de Bertolt Brecht, escrito na década de 70. 
Inauguro este blog falando do nosso "Anjo Infeliz", performance que foi o veículo de inserção dos membros participantes do grupo hoje, e que nos fez compreender a profundidade do tema memória, que é o alicerce das pesquisas do grupo Cena Aberta. Então começo por divulgar um trecho de um registro meu acerca deste processo: 

"Começo falando sobre o “Anjo”, o texto que trabalhamos de Müller começa a fazer parte de mim e do meu dia-a-dia, não sei se as angústias dele se tornaram minhas ou se minhas angústias penetraram nas entrelinhas do que ele diz, este fenômeno é o que chamo de apropriação, os textos de Walter Benjamim e Ingrid Koudela também colaboraram para esta construção e assim vejo o embrião daquilo que estamos buscando. Contudo tenho sede de mais, apesar de ainda nem ter começado a falar das práticas minha ansiedade passa os limites e por muitos momentos me vejo atropelando pessoas e coisas no caminho. Acredito que os trabalhos práticos são o grande motor para a compreensão deste tipo de tema filosófico e subjetivo, no teatro nunca será possível demonstrar a angústia de uma criatura se isso não for transportado para o corpo do interprete, o público precisa mais do que ideias para se interessar, a peça não pode ser um livro, um texto lido em voz alta. Por isso ao interrompermos o processo de laboratório do “Anjo” senti-me perdida, desamparada." (01/06/2012)

Na ocasião estávamos neste processo a mais ou menos um mês e as dificuldades de nos inserirmos e entendermos qual era nosso papel dentro do grupo era muito grande. Além disso, este processo criativo me confundia ainda mais a cabeça, na tentativa de ser extremamente racional e metódica, quanto mais tentava entender, mais me sentia confusa. 
No entanto o processo evoluiu de várias maneiras até chegarmos em um resultado estético interessantíssimo, além disso me serviu de base para a metodologia do professor Pazzini e  
para me entender como atriz-pesquisadora nos processos criativos acerca da memória.

Texto: Lígia da Cruz  
Foto: Taciano Brito

Quem somos...

O Grupo de Pesquisa Teatral Cena Aberta foi formado em 2001. Atualmente é constituído por alunos do curso de Teatro - Licenciatura da Universidade Federal do Maranhão. Tem por objetivo fundamental, aprofundar a relação ator-pesquisador-educador através de experimentos cênicos, que vão sendo apresentados ao público, o que se caracteriza em um work in process da encenação como processo em construção, metodologia que inclui a relação teórico-prático da linguagem teatral através de: apresentações de experimentos, leituras dramáticas, performances e intervenções (principalmente em espaços inusitados). Paralelo aos trabalhos científicos: comunicações, palestras, painéis, oficinas, artigos, monografias, dissertações de mestrado, de forma a estimular e ampliar o diálogo com a sociedade, função extensiva da Universidade, neste sentido, o aluno-ator-jogador é projetado para o vértice de uma pesquisa da linguagem cênica aliando teoria e prática.