"Estamos reinventando o futuro, somos fragmentos do futuro em gestação, e o que mais nós necessitamos é de um público co-produtor, partícipe da cena, que leve para casa as idéias que o Teatro sempre soube tão bem insuflar nos espíritos educados para que estes possam contribuir para as transformações necessárias que nossa sociedade tem urgência de ver realizadas"

domingo, 21 de abril de 2013

Onde esteve Ilse?





        Levei Ilse para o Rio de Janeiro com Lulu, de lá fui para o interior de São Paulo, deixei Lulu voltar para o Maranhão e fiquei cuidando da adolescente. Pela primeira vez me apresentei para um público essencialmente jovem, por três vezes tive um público com mais de 70 adolescentes de duas escolas estaduais da região onde fica minha cidade natal Mogi Guaçu.
       Em tempos de substituição, trocando o real pelo virtual, é difícil saber em que condições o teatro é capaz de atingir e causar efeito à juventude atual, ainda mais sabendo que estes garotos provavelmente nunca estiveram dentro de uma sala de teatro, e estão demasiadamente acostumados com o discurso superficial e catártico da televisão, principalmente a brasileira.
        Apesar de estar apreensiva tive resposta positiva em todas as apresentações, descobrindo o público adequado para “Onde está Ilse?”. A temática, pertinente e o texto de fácil compreensão imergem os adolescentes no universo de Ilse que com astral e uma pitada de sedução revirando: sentimentos, angústias e dúvidas que estão reprimidos pelos falsos discursos de moral, excesso de pudor e a indispensável, e tão comum, hipocrisia.
       Apresentei-me na rua e lá tive a possibilidade de colher depoimento de familiares, fotos feitas pelo meu próprio irmão e ainda proporcionar que um grupo de rapazes, uns marmanjões que provavelmente nunca entrariam em uma sala de teatro, pudessem entrar em um universo paralelo ao seu durante vinte minutos, e no final (pela minha falta de atenção me machuquei em cacos de vidro) escuto de um deles “Meu Deus! Não entendo nada desse tal teatro, mas sei que gostei, a atriz até deu o sangue!
      Aproximamos-nos do público pelo discurso, o Cena Aberta sempre tem resposta imediata porque as pessoas se identificam com os temas tratados e conseguem interpretar o signos mesmo que o texto seja complexo, como na performance do Anjo Infeliz, logo veem que estamos falando delas, com elas.
A preocupação do discurso. O que está sendo dito? E por quê? Não acredito que dispensar de tanto tempo de ensaios e dedicação possam ser simplesmente baseados na forma, para construir um produto vendável, essa não é a única escolha e o único caminho do artista sobreviver, talvez esteja na hora de descermos do muro e assumirmos um posicionamento.

Sempre me pergunto: Quanto tempo leva para seu discurso se transformar em ação?





    Nós levamos a Ilse para abrir I Semana Científica do curso de Teatro licenciatura, organizada pelo C.A. do curso para recepção dos novos calouros, e percebi que a passagem por São Paulo fez a cena tomar vigor.E para completar, amanhã eu e Mestre Pazzini estamos com o pé na estrada, vamos levar Ilse e Lulu para as terras quentes de Caxias – MA, fomos convidados para nos apresentar na I Mostra SESC Caxias de Teatro, nossa apresentação acontecerá no dia 23 de Abril.





TEXTO: Lígia d'Cruz
FOTOS: Lucas Américo, com edição de Lígia d'Cruz








sexta-feira, 5 de abril de 2013

CENA ABERTA NO RIO DE JANEIRO ou em casa...


O monólogo Onde está Lulu, com Ligia d`Cruz, com direção de Luiz Pazzini participou do Festival Internacional Home Theatre. No dia 22 de março a cena foi apresentada na casa de D. Leila no Bairro da Pavuna. Foi realizada uma adaptação de espaços para os três momentos da cena, qual seja: Lulu-florista, Ilse e Lulu no camarim. Apresentação reservada para 20 pessoas. No dia 23 de março a mesma cena foi adaptada para o espaço do Home Theatre, que foi transformado em camarim de Lulu.   
  



Entramos na casa
Depois, descobrimos
Entramos em casa

Ela nos deixou a vontade
Podíamos até dizer bobage
D. Leila que nos confiou uma missão
De mostrar com o teatro uma saída da prisão

Essa que não tem grades
Mas é o maior dos males
Dessa sociedade que sofre como cão
Que não tem pão
E muito menos união

Mas nesse lar
Podíamos confiar
E a história de Lulu contar
E assim alimentar
Com essa arte milenar.

Assim ocupamos os espaços
E esperamos os convidados
Pequenino, velho, senhora
Todos aguardando a esperada hora
Quando chega a florista
Todos estão sorrindo
E veem Ilse subindo

Na murada como equilibrista
No portãozinho como uma cadeia
Ela descobre uma maneira
De transformar a casa de Leila
Em uma divertida brincadeira

As pétalas chamam o público para o camarim
Que transformou a velha sala de dança em um marfim
E desenterrou uma velha penteadeira
Para que lulu se sentisse inteira

Aplausos, sorrisos, emoção
Foi isso que a atriz guardou no coração
A lembrança grata daquela que abriu sua casa
Com tanta satisfação
E assim proporcionou da netinha ao vizinho
Um monólogo com carinho

Através de um festival
Que desmistifica o principal
Levando o teatro da zona sul a Pavuna
Mostrando à
Tribuna
Que a arte de interpretar
Deve ser levada a qualquer lugar.


  TEXTO: Lígia d'Cruz
  FOTO: Davi Marcos