O Cena Aberta
depois de passar pelo “Outubro Vermelho” de 2013, prova de fogo dos atuadores
da “cena em movimento”, em que esteve presente nos principais eventos
realizados pela cidade e outro estado brasileiro, como 7a. Felis - Feira de
Livro de São Luís, IX FESTMAR - Festival Internacional de Teatro de Rua de
Aracati - CE., VIII Aldeia Guajajaras de Artes - SESC e no Casarão das Artes -
LABORARTE, apresentando Negro Cosme em Movimento,bem como,
leituras dramatizada - Banquete Tupinambá,
do amazonense Francisco Carlos e
teatralizada - O homem como invenção de
si mesmo, do maranhense Ferreira Gullar, entra em novembro, fazendo
homenagem aos “negros mortos” nas lutas pela liberdade.
O texto é do dramaturgo
maranhense Igor Nascimento, que em parceria com a pesquisa do Cena Aberta sobre
a temática afrodescendente, escreveu
Caras Pretas, e que o grupo intitulou até o momento de Negro Cosme em Movimento, pois pretende assim destacar o ilustre
maranhense, Bento Cosme das Chagas, Tutor e Imperador da Liberdade, em que esta
atividade faz parte do projeto de extensão da PROEX-UFMA - Memória e Encenação em Movimento: ABC da Cultura Maranhense.
Estimular os discentes do Curso de Licenciatura em Teatro da UFMA à pesquisa e
extensão, é o principal objetivo do projeto do grupo.
No Prólogo do texto, o
autor diz: “O que vai se passar nesta peça tem tiro, sangue e brutalidade. No
entanto, a voz que vai ser falada e a lágrima que vai ser chorada são as do
outro lado, aquele que ficou adormecido no tempo, e sobre o qual, a história
passou por cima, olhando apenas por detrás do ombro, como quem olha de
passagem. Portanto, como verossimilhança, pra mim, é conversa muito da torta e
a história pro teatro é pouco e a verdade pro palco é demais, vamos escolher
aqui o meio termo, pra não queimar os miolos: Apresentamos aqui uma história
verdadeira, só que fictícia, ou melhor, uma história ficcionalmente
verdadeira!”
Nesta citação, o autor
se apresenta, é um narrador onisciente e consciente dos objetivos que pretende
alcançar com sua escritura dramática, focando a Trilogia da Balaiada: eclosão
da revolta com a Invasão da Cadeia da Vila da Manga de Iguará, em dezembro de
1830, pelo vaqueiro piauiense Raimundo Gomes, semelhante a um rastilho de
pólvora, que levantou os excluídos do Maranhão, engrossando as fileiras do
levante popular. Sabendo do descontentamento geral do povo, o vaqueiro
revolucionário, percorrendo as trilhas do sertão maranhense, que tão bem
conhecia, provoca o medo das classes privilegiadas maranhenses e a imediata
reação do Imperador D. Pedro II, entrando na Maioridade, enviando então para a
Província, o estrategista Luís Alves de Lima e Silva - cognominado como
“pacificador de revoltas”.
A segunda estação
inicia com seu clímax, em que os revoltosos invadem Caxias, segunda cidade mais
importante da economia maranhense, e o sufocamento da revolta pelo Pacificador.
Na terceira estação, epílogo, Negro Cosme depois de lutar bravamente é rendido,
preso e enforcado em praça pública, para ficar o exemplo, para todos os que
transgredissem os limites da tolerância do Poder, visando o bom viver, é claro,
de uma minoria seleta, incluindo o poder político conservador e uma boa parcela
dos liberais. No processo revolucionário as traições fazem parte do menu daqueles que não tem objetivos
claros, isto é, diretamente ligados às classes menos favorecidas.
Enfim, novembro
dedicado aos “mortos”, porque o Epílogo entre Negro Cosme e Duque de Caxias, é
um “diálogo entre mortos”, com as apresentações agendadas do Cena Aberta. Dia
12, no Teatro Alcione Nazareth, fazendo parte do projeto LUARTE; 14 na
Faculdade de Santa Fé - Anilt; 22 no LABORARTE, dedicado ao Dia Nacional da
Consciência Negra e 27 no IV Fórum de Extensão da UFMA. E como último fôlego
para o este produtivo ano, a leitura teatralizada de O homem como invenção de si mesmo, de Ferreira Gullar, no dia 05 de
dezembro, parceria com o PGCULT-UFMA.
Concluímos com nossa
Homenagem a todos que lutam pela igualdade de direitos e justiça social: “Os
que estão mortos nunca se foram/ Eles estão na sombra que se aclara/ E na
sombra que se espessa./Os mortos não estão sob a terra;/ Eles estão na árvore
que se agita,/ Eles estão no tronco que geme,/ Eles estão na água que corre,/
Eles estão na cabana, estão na multidão;/ Os mortos não estão mortos”.
Do senegalês Birago Diop
FOTOS: Paulo Socha
FICHA
TÉCNICA:
Negro
Cosme - Tiago Andrade/ Duque
de Caxias - Victor Silper/ Atores-Escravos
- Nosira e Luiz Pazzini/ Texto - Igor
Nascimento/ Iluminação - Wagner
Heineck/ Direção - Luiz Pazzini/ Produção - Cena Aberta. CONTATOS: (98) 9613-4187/ (98)
3221-0873 (Luiz Pazzini)/ (98) 8226-3501 (Victor Silper)/ E.mail: cenaberta1@hotmail.com .