Em tempos de substituição, trocando o real pelo virtual, é
difícil saber em que condições o teatro é capaz de atingir e causar efeito à
juventude atual, ainda mais sabendo que estes garotos provavelmente nunca
estiveram dentro de uma sala de teatro, e estão demasiadamente acostumados com
o discurso superficial e catártico da televisão, principalmente a brasileira.
Apesar de estar apreensiva tive resposta positiva em todas
as apresentações, descobrindo o público adequado para “Onde está Ilse?”. A
temática, pertinente e o texto de fácil compreensão imergem os adolescentes no
universo de Ilse que com astral e uma pitada
de sedução revirando: sentimentos, angústias e dúvidas que estão reprimidos
pelos falsos discursos de moral, excesso de pudor e a indispensável, e tão
comum, hipocrisia.
Aproximamos-nos do público pelo discurso, o Cena Aberta
sempre tem resposta imediata porque as pessoas se identificam com os temas
tratados e conseguem interpretar o signos mesmo que o texto seja complexo, como
na performance do Anjo Infeliz, logo veem que estamos falando delas, com elas.
A preocupação do discurso. O que está sendo dito? E por quê?
Não acredito que dispensar de tanto tempo de ensaios e dedicação possam ser
simplesmente baseados na forma, para construir um produto vendável, essa não é a
única escolha e o único caminho do artista sobreviver,
talvez esteja na hora de descermos do muro e assumirmos um posicionamento.
Sempre me pergunto: Quanto tempo leva para seu discurso se
transformar em ação?

TEXTO: Lígia d'Cruz
FOTOS: Lucas Américo, com edição de Lígia d'Cruz