As minhas
rugas ‘absurdamente’ se interligam as linhas de minha mão.
São meus
traços em sintonia.
As palavras
me passando e as minhas rugas respondendo.
A garganta
seca e os joelhos calibrados.
Não.
A garganta
calibrada e os joelhos secos.
Não.
Ora um. Ora
o outro.
Uma faca se
sobressai em meu peito.
“Tente de
novo. Falhe de novo. Falhe melhor”. (BECKETT, Samuel)
As falanges
enrijecidas e as luzes a derramar encantos.
Os pulmões
saltando, os olhos dilatados, a tensão do Agora. Ou não.
Os ouvidos
com o tato.
A pele e a
música.
São meus
traços em sinfonia.
Os ombros
bem postados, a roca voz do além.
O Paranaguá
em público.
E as mãos em
uma inquietante e inevitável expressão.
O
desentendido ficando pelo mal dito.
E ao redor,
o insistente som apavora o remoto prazer existencial.
Eyes up. E a viagem começa.
Então tudo
se liga.
As luzes
cósmicas, o texto a bradar, o ruído peculiar,
meus joelhos
calibrados e a Aurora Boreal.
O foco
desmanchando.
Sua vez.
Minha vez.
Nossa vez.
Não.
Ora o um.
Ora os dois. Ora todos.
Passaram-se
três dias.
A cintura
destravou. O cabide se estendeu. E a luz não apagou.
Lá? Assim?
Como? Por quê?
“A arte
sempre foi isto- interrogação pura, questão retórica sem a retórica – embora se
diga que aparece pela realidade social”. (BECKETT, Samuel)
Um drama
estático.
As meias, os
sapatos e as calças.
Um casaco,
uma boina e um cachecol.
Todos
flutuando.
E as linhas
de minha mão, pouco a pouco, vão solidificando-se nesse ‘absurdo teatral’.
Até aqui.
Epílogo.
Sem Godot, restara-nos
o autor.
Enfim.
TEXTO: Victor Silper
FOTO: Davi Marcos
Belo texto sobre uma bela apresentação, parabéns.
ResponderExcluirObrigado!
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esplendorosa fotografia. Parabéns!
amei esse texto!
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